terça-feira, 11 de dezembro de 2007

VÍTIMA DAS PRÓPRIAS ESCOLHAS

Tenho um amigo que duas vezes por mês faz visitas a um asilo de idosos. Ele gosta de ir até lá para ouvir o que os velhinhos tem a dizer. Ele disse que isso é bastante útil pois, os velhos vêem nele um imenso ouvido e ele acaba tirando grandes lições de cada uma dessas visitas. Entre muitas histórias que ele me contou dessas visitas, uma lhe chamou a atenção em particular: um senhor de 87 anos que não tinha absolutamente ninguém na vida: todos os seus irmãos haviam morrido, seus sobrinhos estavam dispersos pelo mundo e provavelmente não sabiam nada sobre ele. E nunca havia se casado ou tido filhos (se havia tido algum, nunca soube). Então, meu amigo perguntou a ele porque nunca havia se casado. Então ele respondeu: " Antes, quando eu era jovem, eu achava que era porque eu queria viver livre, fazer o que bem entendesse, não ter a quem dar satisfações... Hoje, eu sei que é porque eu tinha medo... "

Meu amigo, de pronto, não compreendeu o que o velho senhor quis dizer mas não teve oportunidade para fazer mais perguntas.

Terminada a hora da visita, meu amigo foi para casa e disse que passou o resto da tarde e bom pedaço da noite tentando entender o que havia dito o tal senhor. Então, me mandou um e-mail relatando o ocorrido e perguntando se eu podia esclarecer a dúvida dele...

Pensei um pouco e cheguei a seguinte conclusão:

As pessoas, homens e mulheres, têm medo de se envolverem, assumirem compromissos mais sérios, não por uma escolha, de fato e, sim, por medo. Medo de não dar certo e sofrer. Simplesmente não tentam e a esse não tentar chamam de escolha. Alguma coisa parecida com aquela mulher que não se separa do marido por medo de enfrentar a vida sozinha e diz que é por causa dos filhos...Só que quando o tempo passa ela acaba por se arrepender, porque o "sacrifício pelos filhos" não valeu a pena.

O mesmo aconteceu com aquele senhor: Não quis assumir compromissos com medo do sofrimento. Mas o sofrimento aconteceu do mesmo jeito... Ou talvez até pior. Se tivesse tido coragem e assumido um compromisso com a mulher por quem tenha um dia se apaixonado (porque, pelas palavras dele, essa mulher deve ter existido...), talvez hoje ele não estivesse sozinho num asilo ou, se tivesse, suas recordações seriam mais doces...

As escolhas que fazemos tendo como conselheir0 o medo, NUNCA, são as corretas. As que fazemos impulsionados pela coragem NUNCA nos levam ao arrependimento.

Enfrentar o medo e por fim fazer as escolhas certas, não é tarefa muito fácil. Muitas vezes nem sabemos que o que estamos sentindo é apenas medo. Damos ao medo diversos nomes: "curtir a vida", "me sacrificar pelos filhos", " seguir os ensinamentos da minha religião"... e mais um monte de nomes bonitinhos que no momento não me vêem à cabeça.

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