Um belo dia a gente descobriu que não era mais adolescente. Pra comemorar, afogar as mágoas, ou só pra ver como que era, resolvemos ficar bêbadas. Eu tomei uns três copos de choop; minha amiga de infância não conseguiu tomar mais que meio copo. Fiquei preocupada achando que tivesse fortes tendências ao alcoolismo. E, ao mesmo tempo, fiquei frustrada: achava que embebedar-se era coisa mais in. Consegui, apenas, vomitar na sargeta, ver tudo multiplicado por 3 - e me senti enganada: diziam que bêbados vêem em dobro e não em triplo -, mal hálito e descoordenação motora.
Achamos que, TALVEZ, pudéssemos botar pra fora todas as nossas mágoas, sofrimentos e coisas do tipo. Botei pra fora só o que estava no estômago... Pior foi minha amiga que nem isso conseguiu...
Dia seguinte: eu de ressaca e minha amiga rindo de mim.
Hoje, essa mesma amiga me mandou uma bela mensagem virtual e, sei lá porque, lembrei dessa história... E cheguei à conclusão de que naquela época não tínhamos mágoas a serem afogadas. E aquelas que pudéssemos ter, o tempo se encarregaria de diluir. Talvez por isso não tenhamos nos tornado alcóolatras. Meu estômago não reclama à-toa, minha visão tá razoável, meu hálito é suportável e minha coordenação motora é suficiente para usar um mouse sem maiores dificuldades.
Quanto a minha amiga, não sei. Faz um tempão que a gente não se vê. Vou convidá-la pra tomar um choop e fazer um revival.
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